Mais um ano chega ao fim para dar lugar à renovação e às possibilidades de um novo ano que se inicia. Com isso, muitos de nós procuram também renovar suas esperanças de que o melhor está por vir e, para garantir, cada um segue uma crença ou superstição, porque, na dúvida, “é melhor não arriscar”.
E os conselhos são dos mais diversos:
“Nada de comer animais que ciscam pra trás” (daí tantos peixes e frutos do mar, carne de porco e outras iguarias na ceia de virada do ano… Se você não é vegetariano e vai incluir algum item semelhante na sua ceia, vai ser lembrado disso também).
“Se você está perto do mar, tem que pular sete ondinhas na hora da virada!” (aqui no Brasil, esta é uma tradição muito típica, proveniente dos africanos, em homenagem à Iemanjá, mas o pessoal que não está no litoral, provavelmente, tem outros hábitos, não é?).
“Tem que comer lentilhas para trazer fartura!” “Tem que comer sete partes de romã, ou sete uvas e guardar as sementes na carteira para atrair dinheiro!” “Tem que comer frutos secos, nozes, avelãs, tâmaras, para garantir fartura o ano inteiro” (tradição árabe também logo incorporada).
“Tem que vestir roupa nova e com a cor daquilo que você deseja para o próximo ano!” (a maioria vai mesmo de branco, uma herança também Africana por representar luz, pureza e bondade, mas tem sempre quem misture com um verde para trazer Saúde e Esperança, um Amarelo para trazer Prosperidade e Dinheiro, ou um Vermelho para trazer uma Paixão avassaladora, por exemplo).
Enfim, simpatias e crendices não nos faltam. Cada cultura tem as suas, mas também vai se apropriando umas das outras. Afinal, para garantir sorte e prosperidade, mesmo aqueles que dizem que não acreditam, acabam desenvolvendo algum hábito que não deixam de realizar na virada do ano (uma oração sozinho, uma oração em grupo, acender todas as luzes da casa, etc.).
Mas, o que não deixa mesmo de acontecer nessa época, são os desejos, os pedidos, os sonhos que cada um deposita no ano vindouro. E assim, de uma maneira ou de outra, cada um de nós alimenta a expectativa de que aquilo que não realizamos neste ano que termina, conseguiremos no próximo.
Lembro de uma única vez em que experimentei fazer esses pedidos de uma maneira diferente. Não tinha sido um ano fácil, mas certamente fora um ano de grandes aprendizados e conquistas também. Resolvi, no auge da minha decisão de que o ano seguinte seria muito melhor e que eu colocaria em prática o que precisava para realizar meus objetivos, escrever uma carta. Escrevi uma carta para mim mesma, exatamente a cinco dias do Novo Ano. Uma carta como se fosse para a minha melhor amiga, uma carta carinhosa, confidente, mas também objetiva (quem me acompanha, sabe que sou prolixa ao escrever, mas esta carta foi de apenas uma página). Nela eu escrevi tudo o que eu queria ser, fazer, concretizar e todos os meus sentimentos em relação ao ano que se aproximava. Nada de lamentações, olhando de maneira positiva para a frente. O objetivo era resgatar essa carta antes da virada do ano seguinte. Acontece que guardei tão bem guardada que esqueci…
Qual não foi a minha surpresa ao arrumar alguns papéis semanas atrás e encontrá-la! Junto a ela ainda havia uma lista com três colunas de objetivos de curto prazo (até 1 ano), médio prazo (1 a 4 anos) e longo prazo (a partir de 5 anos). Aí minha característica estruturada fala mais alto mesmo. Mas foi realmente emocionante perceber, quatro anos depois de escrita a carta (sim, ela passou quatro anos “perdida” de tão guardada), o quanto minha vida tinha mudado naquele ano.
Alguns objetivos tiveram suas prioridades alteradas, passaram na frente de outros, uns foram alcançados muito antes do prazo imaginado, outros ainda estão na ordem do desejo, outros ainda deixaram de ser importantes e sequer fazem parte mais do rol dos desejos. Com certeza no primeiro ano, eu tinha muito claro o que queria realizar para já, o que precisava fazer para colocar minhas ideias em prática, e isso certamente me mobilizou a realizar muitos dos objetivos de curto prazo naquele momento (alguns bem grandes inclusive). Não somente porque eu desejava muito, mas porque transformei esse desejo em atitude. Com o passar do tempo, entretanto, fui perdendo o foco, mudei as prioridades, até “esqueci” quais eram as elas, continuei no caminho que me levaria àqueles objetivos, mas de uma maneira mais dispersa, o que também pode explicar eu ter alcançado algumas coisas antes de outras que eu pretendia que viessem primeiro, ou simplesmente ter levado quatro anos e ainda não ter conseguido realizar outras (mais uma vez, ressalto que não incluo aí os objetivos de que abri mão em função de outras prioridades que surgiram na minha vida, e não me arrependo).
Trago este relato como um exemplo da nossa necessidade de sonhar, da nossa capacidade de realizar e, sobretudo, da importância de colocarmos um foco naquilo que tanto desejamos. Não basta sonhar. Tem que ter atitude, tem que colocar as mãos na massa. Não basta desejar, fazer pedidos ou seguir simpatias de fim de ano. É preciso se organizar, se planejar e efetivamente partir para a realização. Não basta fazer uma lista de objetivos ou escrever uma carta para si mesmo. É preciso ter foco, acompanhar, reajustar as metas, seguir um caminho.
Esse é o meu desejo para você este ano. Que sonhe, deseje dias melhores, faça seus pedidos e orações, escreva suas metas de curto, médio e longo prazo, confidencie por escrito a si mesmo o que quer efetivamente conseguir no próximo ano. Mas, sobretudo, que realize! Que busque as estratégias, os meios, os apoios e os caminhos para colocar suas ideias em prática, para realizar seus sonhos e ser cada dia mais feliz!
A minha cartinha deste ano já tem data para ser escrita. De todos os motivos que poderia ter para repetir essa experiência, um único é suficiente: a percepção de que aquele ano, mesmo sem ter lido a cartinha e feito o “balanço dos objetivos” antes da virada, foi um dos mais felizes de que me lembro. Só que dessa vez vou usar uma estratégia diferente. Além dos desejos e objetivos, vou fazer uma lista de agradecimentos. Por mais difícil que possa ter sido o ano que passou, há certamente muitas “pequenas e grandes coisas” pelas quais eu preciso e quero agradecer. Além disso, providenciarei um lugar mais fácil de encontrá-la ou vou deixá-la em mãos de alguém em quem muito confio e que me entregará no próximo final de ano. Mas a lista de objetivos não. Essa vai me acompanhar todos os dias. Talvez até coloque no espelho, ou no armário, em algum lugar em que possa vê-la todos os dias, logo que acorde ou enquanto me arrumo para iniciar a jornada. Deixo aqui a proposta e o convite para você também experimentar. Esteja certo de que, um ano depois, verá o quanto pode se surpreender com a sua capacidade de realizar. Estarei aqui para o que precisar. Ficarei feliz não só em saber o quanto alcançou e pretende alcançar, mas sobretudo em apoiá-lo nesse caminho. Vamos em frente! E, desde já, um Feliz Ano Novo, cheio de boas notícias!