Quem já me acompanha há algum tempo, percebeu que houve algumas mudanças por aqui. Após uma pausa, inclusive nos escritos, estou de volta e vamos poder compartilhar nossas experiências também por aqui. Para quem ainda não me conhece, eu sou Carine. Mulher, Mãe, Psicóloga, Consultora de Carreiras e Mentora de Mulheres e Mães em busca do seu desenvolvimento profissional, dentre outras coisinhas mais.
O que você encontra passeando hoje por este espaço virtual é um reflexo das mudanças que vivenciei nos últimos três anos. Talvez um pouco mais. Mas sim, coincidiu com a chegada da maternidade na minha vida.
Sempre ouvi desde adolescente que eu tinha “cara de mãe”. Ainda que não tivesse clareza do que socialmente estava por trás disso, associava a um elogio, ao cuidado e carinho com que eu costumava tratar as pessoas (embora saibamos que nem todas as mães são exatamente assim). A verdade é que eu sempre desejei ser mãe, mesmo que fosse de maneira independente, quando achasse que seria o momento. Apesar disso, priorizei por muito tempo os estudos e o trabalho, aguardando o momento em que encontraria um parceiro com quem eu desejasse partilhar sonhos e projetos, ou o momento em que sentiria que os realizaria independentemente disso. Quando engravidei do Theodoro, estava casada com o Thiago há pouco mais de dois anos, e tínhamos planejado bem direitinho o nosso bebê tão desejado. Curtimos cada segundo da vida de casal sem filhos e decidimos que estávamos prontos para aumentar a família. Ele nasceu no dia do nosso terceiro aniversário de casamento (apesar de ter sido programado, a data específica foi coincidência, mas posso contar melhor em outro momento).
Uma primeira gestação não tão leve quanto eu gostaria, cheia de tensão, por conta de um diagnóstico de alto risco que me deixou angustiada a maior parte do tempo. Mas no fim das contas correu tudo bem. Durante os primeiros três meses, bem desafiadores em todos os sentidos, estive rodeada de todo apoio que pude (e tenho consciência do tamanho dos meus privilégios). Meu esposo passou quarenta dias em casa, entre férias, licença paternidade (“enoorme”, só que não) e feriados. Minha mãe ficou trinta dias com a gente, meu pai ia diariamente, recebíamos visitas dos meus sogros e de uma tia minha com frequência. Chegamos a nos reunir com umas dezesseis pessoas numa apartamento pequeno (tios, padrinhos, bisavó) durante os três primeiros “mesversários” (sim, me rendi ao bolinho temático). E ainda tínhamos uma funcionária que dava suporte com a casa. Até que veio o fatídico março de 2020 e o isolamento social por conta da p4nd3mia. Ninguém fazia ideia do que viria pela frente, de quanto tempo aquilo iria durar, me vi sozinha com meu bebê da noite para o dia, com o marido infectologista na linha de frente, e muito medo rodeando a nossa casa. As pessoas tinham medo de nós, nós tínhamos medo da doença, mas seguíamos com esperança de que fosse passar logo. E assim seguimos por quase dois anos, antes de começarmos a flexibilizar um pouco mais nossos encontros, passeios e até pequenas viagens.
Sabemos que ainda não acabou, mas agora com todos muito bem vacinados e já sabendo minimamente como nos comportar e o que esperar, lidamos melhor e nos adaptamos ao que quer que seja necessário. Esse breve resumo para ilustrar um pouco da origem das mudanças que se refletem aqui. Foi um período de muitas incertezas, muito cansaço, muita sobrecarga emocional, mental e física, muita solidão também, no meio de um contexto de crise sanitária mundial e um monte de gente morrendo. Em grande parte, essa poderia ser a descrição de um “puerpério comum”, mas com a particularidade de que havia um contexto muito maior em volta que o intensificava ainda mais e que eu não fazia ideia de que quase dois anos depois do nascimento do meu filho, o que eu estava vivendo era ainda o fim do puerpério.
Precisei fazer uma pausa profissional realmente porque não me sentia em condições de atender adequadamente às pessoas que precisavam de mim. Quando comecei a retomar o trabalho ainda no meio daquele contexto, foi somente com alguns clientes antigos, em horários alternativos, e foi maravilhoso. Mas sentia que algo não estava mais se encaixando tão bem, ou que estava faltando alguma coisa.
Essa inquietação me acompanhou por alguns meses junto a uma certa angústia: “o que eu quero realmente fazer quando retomar por completo a minha vida profissional? Como eu quero contribuir para o mundo, se eu nem tenho certeza mais de quem eu sou? Estou me sentindo tão invisível e improdutiva, como vou apoiar outras pessoas?”. Pois é, mesmo psicóloga com anos e anos de terapia e experiência profissional, é preciso registrar que também sou humana e que as questões do humano também me afetam. E é justamente por reconhecer e me permitir viver e trabalhar isso dentro de mim, que me torno uma profissional mais empática com as minhas clientes.
Nesse ponto eu procurei ajuda de quem eu percebi que já tinha feito essa caminhada, com experiência em apoiar outras mulheres nesse processo de transição pós-maternidade e iniciei a minha travessia de (re)descoberta, que segue continuamente e se reflete aqui. Foram mudanças de dentro pra fora e de fora pra dentro. As roupas que eu vestia literalmente (e simbolicamente também) não me serviam mais. Comecei por elas, por essa faxina de armário, por essa repaginada do corte de cabelo às cores e modelos de roupa que guardava e foi tudo para doação. Passei a ter somente o essencial dentro do que me representava. Avancei com meu autocuidado e o fechamento respeitoso de ciclos importantes (o desmame do meu filho aos dois anos, por exemplo), sempre com o apoio de mulheres e profissionais essenciais nessa minha trajetória. Recriamos a logomarca da minha empresa, porque eu queria torná-la mais significativa, representativa e acolhedora ao meu público, reestruturamos o site, e cá estamos.
Novos sonhos, novos projetos e tudo foi ganhando novo sentido também: estou aqui para apoiar mulheres e mães que estejam em busca de se (re)encontrarem profissionalmente, desenvolverem suas habilidades e competências, alcançarem a sua própria forma de realização. E hoje posso dizer que sei exatamente como é estar nesse lugar, nessa busca e contar com o apoio de quem nos entende. Hoje posso dizer que fiz essa caminhada e estou pronta para acompanhar você na sua, porque meu objetivo é tornar mais leve essa jornada e segurar suas mãos quando você precisar. Vamos juntas iluminar caminhos, fortalecer sonhos e impulsionar carreiras, onde quer que desejemos estar!
Então, vivo agora um marco do tanto que cresci nos últimos meses. Não foi da noite para o dia essa minha nova transição de carreira (porque já passei por outras antes), não são todas as mulheres que passam ou precisam passar por ela, mas para aquelas que sentem que chegou o seu momento de virada, estou aqui. Com todos os meus anos de experiência, com todo o meu conhecimento reunido, mas sobretudo, com todo o meu coração envolvido nesse projeto que é de todas nós, para todas nós.